domingo, 19 de setembro de 2010

Mais uma estilista mineira de sucesso: Mabel Magalhães

Dando seguimento aos domingos com post sobre os estilistas mineiros, iniciado com Mary Design seguida de Renato Loureiro, Luiza Barcelos, Bhárbara Renault (Jardin) e Edna Thibau (Alphorria), agora é a vez de Mabel Magalhães. Ela faleceu em 2004 mas deixou um legado de estilo e profissionalismo e uma enorme contribuição para a moda mineira e brasileira.
Vocês devem estar pensando: Será ela minha parente? Bom, de certa forma sim pois meu pai é primo do sogro de Mabel que na realidade adquiriu o sobrenome magalhães após o casamento.

Mabel Magalhães é uma marca comercial brasileira que foi criada nos anos 80 para atender às expectativas de uma mulher que é, ao mesmo tempo, refinada, ativa, moderna, culta e, sobretudo, feminina.

O perfil desta grife foi delineado, inicialmente, em uma especial parceria entre os estilistas mineiros Mabel Magalhães e Inácio Ribeiro, ele hoje renomado designer de moda internacional, estilista da Maison Cacharel (França) e da marca inglesa Clements Ribeiro.
Em todas as peças da coleção o espírito feminino e as necessidades de uma mulher dinâmica, sofisticada e especial. No mercado interno brasileiro, a marca Mabel Magalhães é comercializada em mais de 120 lojas multimarcas criteriosamente selecionadas e, também, em suas próprias lojas na cidade de Belo Horizonte.

O Brasil é hoje um novo pólo de moda mundial e, para atender a inúmeras demandas, a grife Mabel Magalhães expande suas operações de vendas, exportando seus produtos, colocando-os em renomadas cidades estrangeiras.
Mabel Magalhães sempre foi apaixonada por roupa. Deixava sua mãe "enlouquecida", porque toda sexta-feira queria estrear um vestido novo. Ela frequentava a sociedade mineira e e foi até canditada a Glamour Girl, uma promoção do colunista Eduardo Couri. Na última hora, porém, foi tirada do concurso, pelo pai, porque suas notas na escola iam mal. Costumava também participar de desfiles de moda amadores, patrocinados por algumas lojas chiques de Belo Horizonte, como Olivieri Modas. Diante de todos esses apelos ela acabou por aprender a costurar e, "modestia a parte", costurar bem. "Eu entendo, entendo muito, de modelagem, de cortes, de produção. Mas para fazer uma coleção, vou muito mais na intuição, não tenho uma metodologia, não fiz faculdade de moda".

Signo de Escorpião, Mabel abriu a Artimanha com mais três sócias: Mariza Sallum, de quem comprou a marca mais tarde, a cunhada Márcia Corrêa e a amiga Luiza Magalhães. A Artimanha começou muito bem. Na época o show-room no bairro de Lourdes projetado pela arquiteta Freuza Zchemeister – a mesma que assina os figurinos do Grupo O Corpo -, tinha apenas três mesinhas com atendentes que custavam a dar conta do trabalho. Mas Mabel achava que precisava criar uma segunda etiqueta, mais jovem e moderna, que entregou à filha, Cláudia Magalhães Baggio, que por sua vez comandava sob a tutela de Inácio Ribeiro, o Papaulo.
Mabel era famosa por seus acessos de raiva. "Quando ficava brava todos saíam de perto. Todo o mundo escutava meus gritos. Hoje me considero mansa perto do que fui". Perfeccionista, ai de quem lhe apresentasse uma costura torta ou um serviço mal feito. Seu maior orgulho era criar uma coleção impecável. "É um desrespeito ao trabalho delas", advogava.Em menos de cinco anos de existência a Artimanha chamou a atenção do mercado. Tanto que foi uma das primeiras marcas escolhidas para integrar o famoso Grupo Mineiro de Moda. Mabel ficou conhecendo a maioria das pessoas com quem iria conviver por uma década e meia, durante uma reunião convocada por Scheila Fagundes, da Clan Turismo. "Lá estavam as meninas da Patachou, a Terezinha Santos e a Sueli Pires; a Maria Elisa, da Avis Rara; a Sônia Pinto, da Printemps; a Luiza e a Márcia da Art-Man, e a Cláudia Morão, da Equipage. Houve duas ou três reuniões, sempre com muita briga, muita discussão. O grupo se juntava oficialmente, mas cada uma falava uma coisa. A Eliana Queiróz, da Femime Fatale, tam bém estava lá, e o Renato Loureiro – apesar das brigas, que sempre existiram, o Renato Loureiro começoua liderar o Grupo e ele foi crescendo, crescendo, crescendo. Fiquei conhecendo todos ali. Aliás, nessa época, eu já estava há uns quatro ou cinco anos no mercado, mas não conhecia quase ninguém do meio"
O Grupo Mineiro de Moda protagonizou alguns dos eventos mais importantes do período no Brasil. O que pouca gente lembra é que, antes do primeiro desfile, o GMM fez uma espécie de recepção no Vila Marquês, onde cada marca mostrou uma roupa. "A imprensa foi convidada e organizamos um coquetel. Foi uma coisa bem nítida, organizada por um francês chamado Claude… não me lembro o sobrenome – ele ficou conhecido na cidade como Claude Le Truck. Nós éramos muito simples, recebíamos todos muito bem, mandávamos carro buscar e levar as clientes ao aeroporto. A gente teve apoio da imprensa, mas quem mais nos ajudou, incentivando e participando de todos os eventos foram, Fernando de Barros e Constanza Pascolato". Prova de que mineiro é mesmo diferente, os componentes do GMM viajavam para suas pesquisas – tão típicas do período – em duplas ou trios, contrariando a regra que faz dos endereços de cada estilista um verdadeiro segredo de estado. "A primeira vez que fui a Paris, foi com a Cláudia Mourão, o Renato Loureiro e a Eliana Queiróz. Logo de cara presenciei uma briga horrorosa da Cláudia com a Eliana, por causa do hotel que ela arrumou, que era caríssimo, cinco estrelas.
A Cláudia falou que não ia pagar, e elas não paravam de brigar no carro. Aí eu interferi: ‘É melhor vocês pararem para brigar no meio da rua’. As duas desceram para um barzinho e continuaram a discutir lá dentro. Eu me sentei numa mesa no canto, pedi uma Coca–Cola e pensei: ‘ Meu Deus, como é que eu vim parar aquí com duas doidas?’"
O Brasil vivia os anos 80 e o auge das livre-interpretações da moda internacional – o que lá fora era chamado de cópia. Naquela época, garimpar endereços de "points" de pesquisas, ou seja, lojas de estilistas que estavam no auge, era uma verdadeira batalha. Quem os tinha, não passava para o concorrente. "Ninguém gostava que visse aquilo que havia comprado. E cada um trazia 40, 50 pecas de fora. Hoje quando penso que viajo e não compro nada, nem acredito. Ela saía com uma sacola dentro da bolsa. Era muito engraçado".De outra feita, Mabel, Eliana e Mônica Torres – que era sócia de Cláudia Mourão, na Frizon – foram para o Japão. Eu me lembro que um dia a Mônica comentou comigo: ‘A Eliana comprou o mesmo casaco que você comprou, do Yohji Yamamoto’. Eu perguntei: ‘Como você sabe?’ Ela respondeu: ‘Porque ela esqueceu a sacola aquí e eu dei uma espiada’. O que eu podia fazer? Nada. Aí a ‘Baixinha’ (apelido da Eliana no Grupo) entrou no avião com mais de 30 revistas. O vôo levava umas 15 horas. Essas viagens abriram muito nossas cabeças, começamos a ficar mais cosmopolitas. Só eu fui a Tóquio três vezes. Mas quando nós fomos, o Tufi Duek e o Renato Kherlakian já tinham ido várias vezes. No fundo a gente era muito humilde".
Com a proibição das importações no Brasil, não faltavam compradores para esse "estilo internacional". No mercado de moda, portanto, o dinheiro sobrava. Em Minas usava-se esse dinheiro para atrair compradores. "A gente gastava muito, mas tenho clientes daquela época até hoje. Eles ficavam encantados de ver como eram tratados aqui".
A cozinha da fábrica da Artimanha era um prolongamento da cozinha das casas das sócias Mabel e Mariza: geladeira cheia, pratos caprichados, mesa farta onde comiam clientes, funcionários mais graduados, amigos e imprensa. Havia almoço, lanche, fruta, sorvete, chocolate, café, chá. Tudo. Durante anos, a estlista recebeu assim os seus compradores que, a essa altura, vinham de todo o Brasil. Minas Gerais se candidatava a um posto que já havia sido do Rio de Janeiro. "Não concordo muito quando falam que, naquela época, o Rio estava decaindo. Nós é que estávamos começando. O Brasil todo vinha aqui e isto estava enciumando todo mundo".
O Grupo durou 15 anos e foi responsável por um momento rico da moda mineira. Com ele, a moda impregnou a população belo-horizontina. Para os que militavam no métier, para os que gozavam de determinada posição social, era inconcebível não receber um convite para um desfile do GMM. Daí veio a superlotação de um dos eventos, no qual nada funcionou. "Não coube, não cabia. A luz foi um horror, o som não funcionou, nem os telões. Aquele desfile contribuiu para muita coisa acabar, ninguém se entendia mais depois desse dia".
"Sabe do que eu tenho medo? De a roupa envelhecer com a gente. Isso é muito perigoso e a gente tem de tomar cuidado", enfatiza Mabel Magalhães. Revigorando sua equipe, no novo milênio ela tem dado especial atenção a um jovem estagiário que promete muito: Daniel Correa, sobrinho do estilista Inácio Ribeiro, bem vocacionado para a moda como o tio. "Suas idéias sempre dão um toque de frescor para as coleções".
Hoje atuando nos seguimentos de atelier, aonde são desenvolvidas peças elaboradas, muitas das quais ricamente bordadas e as vezes até exclusivas, o seguimento Prêt-à-porte onde além dos vestidos são encontrados costumes e taillers, produzidos em maior escala mas com o mesmo rigor de qualidade e por fim o seguimento da marca onde encontramos estampas, alfaiataria seguindo as tendências da estação.
Fotos da coleção de inverno 2010 no Central Park:


fonte: portaisdamoda.com.br
Site Mabelmagalhaes.com.br

Este é um modelo que tenho e gosto muito da Mabel Magalhães, de seda todo rebordado em paetês.
Não consegui encortra nenhuma foto dela na internet, mas em seu site: http://www.mabelmagalhaes.com.br/, vocês poderão vê-la e também conhecer trabalhos mais antigos e já a coleção primavera-verão da marca.
Beijo grande a todos e um ótimo domingo!!

11 comentários:

Vanusa Rocha - Blog Bonequinha de Luxo disse...

Aline, eu conheço a Mabel, já comprei muito na loja dela quando eu morava em Bh, mas ela cresceu muito!!!Bjs, Va.

Ítala Alves disse...

Não conhecia ela!!!
achei as peças maravilhosas
amei essa fotos em NY
bjs

lea disse...

amiga eu to adorando conehcer esse povo que faz sucesso por ai,.
* mandei um email pra ti, mas nao recebeu??? vou tentar de novo, ta, bjos

Luxo de Pink disse...

Aline queridaaa! Ja estava com saudadess!
Nao conhecia essa marca, adoreiii! E esse seu vestido de paetes é um arrasooo!

Bjinhosss

Gi Salmazi disse...

Aline!! eu já vi a Cris Guerra usar uns vestidos lindos da Mabel! moda mineira é tudo! vc viu a revista Elle desse mês?? tem um especial sobre moda minas! e qual blosa vc comprou da Fe??? ou foi a da intuitif??
bjs e uma ótima semana!
gi salmazi

Keliane disse...

Oi linda, que saudade de você...
agradeço de todo meu coração o carinho qeu vc tem demostrada por mim lá no blog, é tão bom, faz bem pra alma.
Super beijo♥

Feito pela minha mãe disse...

Amiga! Que luxo o seu vestido!!!

Quero te agradecer muitíssimo pelo carinho! A blogsfera me proporcionou conhecer você, virtualmente, mas me valeu muito a pena, o apoio que me dá é muito importante! Mas sei que um dia iremos nos encontrar sim!!!

Um beijo amiga!

Nádia

f. disse...

queridona: vi teu link pra loja q tem o vestidinho, mais tarde vou passar lá (tô meio ocupada hj). super beijo pra ti, e uma cosquinha no pescoço do Gimly :)

Betty Gaeta disse...

Oi Aline,
Foi ela que desenhou o vestido da Luiza Brunet na novela TiTiTi, dê uma olhada aqui:
http://www.luxoseluxos.com.br/2010/09/sabe-de-quem-e-o-vestido-que-luiza.html
Estou sentindo muito a sua falta...
Bjkas e uma ótima noite para vc.

http://gostodistonew.blogspot.com/

Eneida Freire disse...

Mabel M. é um luxo!!!
Adorei saber a história!
Beijo!

Anônimo disse...

Il semble que vous soyez un expert dans ce domaine, vos remarques sont tres interessantes, merci.

- Daniel

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